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Arquitetos: Vivas Arquitectos
- Área: 2840 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:José Hevia

Descrição enviada pela equipe de projeto. Uso do solo e transformação — O projeto está situado ao norte de Palma, em uma área heterogênea urbanizada em diferentes fases. Predominam residências de baixa densidade e zonas agrícolas. A solução estrutural inspira-se em sistemas tradicionais, nos quais a própria estrutura define e abriga os espaços, integrando de forma coesa as funções estruturais e habitabilidade.

O projeto concentra-se em dois aspectos principais: a adequada inserção no ambiente urbano, e a definição de uma solução funcional ajustada ao programa. O edifício principal ocupa um terreno de esquina em forma de “L”, com profundidade edificável de 11,5 m. É composto por térreo e quatro pavimentos destinados a residências, enquanto o subsolo e parte do térreo abrigam o estacionamento, com capacidade para 30 veículos. Um segundo edifício, implantado em um terreno retangular, possui térreo e primeiro pavimento, totalizando 8 unidades habitacionais.

Transição comunitária — O acesso é organizado por meio de um hall que conduz a um pátio interno de onde, através de passarelas cobertas, distribuem-se as unidades residenciais. Esse modelo favorece a convivência entre vizinhos e estabelece um gradiente de privacidade que vai do espaço comunitário ao privado. As moradias, com um ou dois dormitórios, possuem dupla orientação e uma distribuição livre de corredores, em que a cozinha central mantém conexão visual com a sala. Uma galeria multifuncional voltada para sudoeste assegura privacidade, melhora o conforto térmico e possibilita tanto a captação solar no inverno quanto a ventilação cruzada no verão.



Construção e funcionamento eficiente — A estrutura combina lajes de madeira e paredes autoportantes em BTC (blocos de terra comprimida). Esse material, produzido localmente em Mallorca, reduz as emissões relacionadas ao transporte e fortalece a economia insular. Por não exigir cocção em alta temperatura, contribui para a redução do consumo energético e da pegada de carbono. Sua porosidade favorece a transpiração das superfícies, melhora a qualidade do ar interno e previne a formação de condensações.

O BTC proporciona elevada inércia térmica, regulando a temperatura interna e reduzindo a demanda por climatização artificial. Sua capacidade isolante minimiza a transmissão térmica e acústica, ampliando o conforto e diminuindo a necessidade de outros materiais complementares. Do ponto de vista estrutural, apresenta alta resistência à compressão, baixa degradação e boa resistência ao fogo e a pragas, exigindo pouca manutenção. A combinação com lajes de madeira pré-fabricadas permite uma construção rápida, adaptável e sustentável.

Qualidades estéticas e integração cultural — O uso do BTC retoma e atualiza as tradições construtivas de Mallorca, como as "casas de marés", nas quais os materiais locais definem a estrutura e se adaptam ao clima mediterrâneo. Esses sistemas integravam material e ambiente, conferindo identidade e coerência cultural à arquitetura. No contexto da crise climática, o emprego da terra como recurso autóctone constitui uma alternativa sustentável, que reduz a pegada de carbono e reforça a relação entre arquitetura, território e comunidade. Essa abordagem preserva a identidade cultural da ilha ao mesmo tempo em que responde aos desafios ambientais contemporâneos.



















